quarta-feira, 7 de maio de 2014

Maio/2014: Acolher o jovem com a maternidade da Igreja

dom eduardo_cf


Brasília, 01 de Maio de 2014.
Caros párocos e demais responsáveis pela evangelização da juventude no Brasil.
“(Maria) entrou na casa de Zacarias e cumprimentou Isabel.”
(Lc 1, 40)


O amor faz “partir apressadamente”, como Maria! A busca é premiada com o encontro! E no encontro, a alegria do Amor partilhado!
A História da Salvação é um bonito poema do dom da “acolhida”. O Criador acolhe a criatura que é chamada a acolhê-lo! Deus acolhe Maria e esta se abre ao seu chamado! Maria acolhe o Divino e o Divino acolhe nossa humanidade! Maria saúda Isabel que lhe retribui com uma acolhedora exclamação de alegria: “Bem aventurada aquela que acreditou”… na força do amor que só pode ser entendido no gesto da acolhida!
Maio: mês da celebração da maternidade que gera a vida e dá sentido a ela. Vida que só tem gosto, beleza e fertilidade quando inundada de sentimentos profundos de acolhida gratuita e oblativa! Por isso, Deus como fonte de vida é sempre e permanentemente materno!
A agradável lembrança desta realidade maternal de Deus e da presença das mães que ele semeou em nossa história nos faz recordar que, pelo batismo e como Igreja, somos todos e todas convocados a gerar, cuidar, defender, promover a vida, acolhendo-a na sua realidade sagrada e frágil, portadora de fecundidade e de paz existencial.
A identidade maternal da Igreja imprime em nós, seus filhos, esta marca que nos enobrece e nos compromete. Saber-se acolhido e amado por Deus e pela Igreja nos anima e nos capacita na vivência de um amor acolhedor do próximo. Nossa vocação missionária encontra aqui, não somente sua fundamentação, mas sua inspiração, modelo, alegria. Não dá para ser discípulo de Jesus Cristo se não formos missionários! Não dá para ser missionários se não estivermos repletos de amor acolhedor capaz de transformar a vida!
Estamos vivendo, nestes últimos anos, um tempo fecundo de reconhecimento, de anúncio e de iniciativas referentes à dimensão missionária da Igreja. O Documento conclusivo da Conferência Episcopal de Aparecida (2007), o Documento da CNBB sobre a Evangelização da Juventude (2007), a voz e o testemunho proféticos de nosso Papa Francisco vem nos sacudir na perspectiva da cultura da acolhida.
Neste clima eclesial e no contexto de pós Jornada Mundial da Juventude no Brasil, o Encontro de Revitalização da Pastoral Juvenil no Brasil, acontecido em dezembro passado, destacou  a 4ª. Linha de Ação – DISCÍPULOS/AS PARA A MISSÃO – como uma de suas urgências pastorais. E definiu, assim, para os próximos anos, as duas PISTAS DE AÇÃO que valem para todos:

1º.    Organizar, dinamizar e acompanhar o discipulado missionário em todas as instâncias juvenis, partindo ao encontro do outro, em comunhão com as diversas realidades eclesiais.
2º.    Despertar e assumir uma postura missionária, natureza de todo cristão, e que garanta a promoção e a defesa da vida em sua plenitude.

A primeira pista destaca a urgência de favorecer iniciativas missionárias juvenis que tenham como princípio o sair de si para acolher o outro, como o próprio Papa Francisco havia pedido:“Empurremos os jovens para que saiam. [...] Pensemos com decisão na pastoral desde a periferia, começando pelos que estão mais afastados, os que não costumam frequentar a paróquia. Eles são os convidados VIP. Vão buscá-los nos cruzamentos dos caminhos!”(Homilia, 27/07/2013). E a segunda pista recorda a dimensão social da missionariedade, pois “levar o Evangelho é levar a força de Deus, para extirpar e destruir o mal e a violência; para devastar e derrubar as barreiras do egoísmo, da intolerância e do ódio; para construir um mundo novo” (Homilia, 28/07/2013).

As novas gerações que estão sob nossos cuidados pastorais têm recebido motivação, orientação e oportunidades para desenvolverem gradativamente sua vocação missionária? Quantas coisas ainda podemos fazer neste sentido! Vejamos algumas delas:

  1. Fazer um levantamento paroquial sobre suas periferias geográficas e existenciais que estão gritando por socorro a nós: “estudantes, universitários, ribeirinhos, negros, indígenas, quilombolas, agricultores, empobrecidos, das periferias das grandes cidades, dependentes químicos, envolvidos no mundo da violência e das gangues e outros segmentos juvenis” (Doc. 85, n. 180).
  2. Promover palestras e debates em torno de temas relacionados à missionariedade: vocação batismal, discípulo missionário, realidades carentes, perfil e compromisso do missionário, desafios e alegrias, cidadania, voluntariado etc.
  3. Promover na paróquia um painel de experiências missionárias juvenis que acontecem na diocese e/ou no regional.
  4. Motivar os jovens para que descubram as obras sociais e as práticas missionáriasque já existem no âmbito paroquial, com suas pastorais e serviços.
  5. Descobrir na redondeza alguns missionários/as vindos de fora e convidá-los para falar de sua vocação e responder às curiosidades dos jovens.
  6. Descobrir as experiências e personagens bíblicas que mais se destacam no aspecto missionário, explorando, principalmente a figura e o trabalho do Apóstolo Paulo.
  7. Definir um conjunto de experiências missionárias a serem trabalhadas, na teoria e na prática, com os adolescentes e jovens da catequese de crisma.
  8. Oferecer aos jovens das escolas e universidades presentes no território paroquial, experiências missionárias, inclusive ecumênicas, coordenadas pelos próprios jovens e assessoradas pelos adultos.
  9. Desafiar a criação nas redes sociais de espaços de debates e socialização de experiências missionárias, a partir dos próprios jovens, pois “o jovem, como apóstolo de outros jovens, tem um poder de comunicação e de convencimento peculiar.” (Doc. 85, n. 176).
  10. Fazer um levantamento de filmes, vídeos, livros e outros subsídios com teor missionário que possam ser adquiridos pela paróquia e disponibilizados às expressões juvenis locais: grupos, encontros, retiros, movimentos, catequese etc.

“O segredo para atingir os jovens que ainda não foram evangelizados é mobilizar os jovens que já aderiram a Jesus Cristo” (Doc. 85, n. 176). Vamos dar asas a esta verdade revolucionária! E continuar solicitando a Maria, em sua fecunda maternidade, a graça da nossa eterna alegria em sair, em encontrar-se com os outros, em acolher e servir quem mais precisa, como ela fez com Isabel!
Que a ternura acolhedora da Mãe do Senhor nos abrace existencialmente e nos capacite ainda mais na acolhida tanto dos jovens que transitam em nossas estradas quanto aqueles que estão a sua margem. Viva Maria, a feliz jovem acolhedora do projeto de Deus!
Viva São João Paulo II, patrono da Jornada Mundial da Juventude! Pela sua intercessão e a seu exemplo, tenhamos cada vez mais um coração apaixonado pelos jovens.
 
Dom Eduardo Pinheiro da Silva, sdb
Presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Juventude da CNBB

FORMAÇÃO


I ASSEMBLEIA DO ZONAL MÉDIO OESTE

Aconteceu nos dias 26 e 27 de abril em Umarizal/RN a I assembleia do zonal médio oeste, onde participaram jovens representando 6, das 7 paróquias que compõe o mesmo.

        A fé há de ser apresentada aos jovens como um encontro amoroso com Deus, que toma feições humanas na pessoa de Jesus Cristo: “No início do ser cristão, não há uma decisão ética ou uma grande ideia, mas o encontro com um acontecimento, com uma pessoa que dá à vida um novo horizonte e, desta forma, o rumo decisivo”. Desse modo, estarão em jogo duas realidades: o encontro pessoal com Jesus Cristo e a aceitação de um projeto de vida baseado no seu Evangelho. Essa adesão necessariamente incorpora a realidade em que o jovem vive como consequência de verdadeira encarnação cristã.

         Diante do desafio de evangelizar a juventude contemporânea, a Igreja não está começando do zero. Há um caminho histórico percorrido por ela que revela uma herança muito rica. Há uma corrente através da qual uma geração de jovens e agentes evangelizadores adultos passa a experiência acumulada para outra. A Igreja Católica é uma das organizações que têm mais experiência acumulada e sistematizada no trabalho com a juventude. É importante resgatar essa experiência, estando atentos aos sinais dos tempos. Em cada época, à medida que mudavam os desafios, os enfoques, os valores e o ambiente cultural da sociedade, a mentalidade dos jovens também mudava. Os jovens são mais sensíveis às mudanças e propensos a aceitar o novo. Tudo o que acontece na sociedade tem seus reflexos na ação evangelizadora da juventude. Os jovens que são atingidos pela ação evangelizadora estão inseridos simultaneamente na sociedade e na Igreja.


            A experiência de vida em grupo é essencial para á condição humana. É esta vida grupal que nos torna seres sociais, pois nos possibilita ao mesmo tempo experimentar os sentimentos de igualdade e diferença. A ação desenvolvida está pautada na forma como este grupo se identifica e concebe as questões sociais que o atravessam. Ao ter contato com um grupo, uma pessoa, obviamente, encontra outras pessoas com rostos diferentes, personalidades diferentes, ideias diferentes das suas. Ou seja, internamente, há uma série de diferenças entre os integrantes, que para quem participa, torna-se evidente. Para muitos jovens, a vivência grupal torna-se uma mediação com o mundo, reforçando ou dividindo valores veiculados pelos meios de comunicação, pelo pensamento religioso ou pelas expressões culturais estabelecidas.

         Contudo, concluímos que é possível ser um jovem cristão no contexto contemporâneo, que reflete o grande desafio de ser um cristão atuante em um mundo que anda na contramão dos verdadeiros valores do cristianismo. À luz da história de um jovem, buscamos respostas para esses desafios. 



Fotos: Sérvulo Sávio.

Texto: Fabrícia Alves.