
Com
a eleição do Papa Francisco, os olhos do mundo se voltaram mais uma vez
para a fé católica e para as manifestações da espiritualidade e ação
pastoral da Igreja na América Latina, em especial na Argentina, terra
natal do Sumo Pontífice.
Papa... Argentina... Fé... Jornada Mundial
da Juventude... Todas as essas palavras nos remetem imediatamente a um
dos episódios mais bonitos da Igreja Católica neste continente: a JMJ em
Buenos Aires, em 1987.
O lema da terceira Jornada falava do amor
de Deus, “Conhecemos o amor que Deus nos tem e nele temos fé”. Cerca de
um milhão de pessoas se reuniram nos dias 11 e 12 de abril, para
encontrar-se com jovens católicos do mundo inteiro e com o Papa João
Paulo II. Foi a primeira vez que um Santo Padre não passou um dos
eventos da Semana Santa em Roma.
A edição de 1987 foi especial. Como foi o
primeiro encontro internacional e ainda buscava-se um modelo de
programação e de como funcionariam as jornadas, a agenda de atividades
foi apenas de dois dias, mas já se desenhava o que seria alguns dos Atos
Centrais que temos hoje.
As atividades começaram com a missa de
abertura na Basílica de Nossa Senhora de Luján. Os pontos altos foram a
celebração da primeira Missa de Ramos fora de Roma, no domingo, e um ato
com o Papa no sábado à noite. Em ambas as oportunidades, João Paulo II
dirigiu uma mensagem especial aos jovens argentinos, latino-americanos e
do mundo.
Nos dias que antecederam a JMJ de Buenos
Aires, o Papa João Paulo II esteve em viagem apostólica pelo Uruguai,
Chile e Argentina, de 31 de março a 12 de abril.
Embaixo de chuva e frio
O sábado foi frio e em alguns momentos
chuvoso, o que atrapalhou, porém não impediu, a ocupação da avenida Nove
de Julho, entre Corrientes e Santa Fe, por centenas de jovens – de
idade e espírito. Lá, numerosos eram os grupos que escutaram os
distintos conjuntos folclóricos e religiosos que alegraram a tarde com
seus cantos e danças, até que, em torno de 20h30, chegou o veículo
levando o Santo Padre. Uma ovação prolongada se deu na noite fria e o
evento, organizado pelos mesmos jovens, teve seu início com a explosão
de fogos de artifício e a entrada da Cruz do Ano Santo, entregue pelo
Papa aos jovens do mundo (a mesma que peregrinou em todas as outras
edições internacionais e que visita as dioceses brasileiras desde 2011).
O cardeal Eduardo Pironio, organizador da Jornada Mundial da Juventude,
deu as boas vindas ao Santo Padre, desejando: “seja esta uma verdadeira
festa de amor”, “um compromisso para construir a nova sociedade no
terceiro milênio”. O cardeal argentino foi, junto com o Papa João Paulo
II, um dos idealizadores das Jornadas, desde que o pontífice o nomeou
presidente do Conselho Pontifício para os Leigos (órgão responsável
geral pelo evento) em 8 de abril de 1984.
O Ato Central foi dividido em três blocos,
um argentino, outro latino-americano e outro mundial, para cada qual
João Paulo II dirigiu uma mensagem distinta. A primeira foi dirigida aos
jovens argentinos, acentuando valores e realidades vividas por eles
como a dor, a guerra, a injustiça, o amor, etc.
O segundo bloco, o latino-americano, foi um
auto sacramental no qual, através de marionetes, representou-se um
diálogo entre o índio Juan Diego e a Virgem de Guadalupe, junto a outros
santos e evangelizadores latino-americanos. O diálogo refletiu a
realidade dos jovens deste continente, chamado pelo Papa de “continente
da esperança”.
Ricos testemunhos de jovens representantes
da Ásia, África, Europa, Oceania e Américas foram realizados durante o
terceiro bloco, após o qual houve diversas surpresas como a saudação fraterna de um jovem chileno e outro argentino (países
que quase entraram em guerra em 1978 e contou com alguma mediação de
João Paulo II para a paz), a entrada de uma luz acesa na tumba de São
Pedro e o profundo clima espiritual vivido após a saída do Santo Padre.
Muitos se mantiveram em vigília, apesar do frio intenso, esperando e
rezando até a Missa do Domingo de Ramos.
Sol brilhante e ramos de oliveira
“Deixe-se abraçar pelo mistério pascal!”,
pediu o Santo Padre aos presentes – mais de 1,5 milhão de fiéis - na
Missa de Ramos, celebrada em um lindo dia de sol que premiou a espera de
tantos jovens no frio e chuva do dia anterior. Bandeiras papais,
argentinas e estrangeiras, junto a milhões de ramos de oliveira
levantados receberam o Vigário de Cristo e dele se despediram com um
“até logo”.
Fonte:Site Oficial JMJ
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